
Revivendo o Mar de Aral do Norte - Aral Sea Portuguese
Escrito por Larry Luxner
Fotografia de Carolyn Drake
To view this story in English, please link here.

Into the slowly rising waters of the North Aral Sea, a fisherman wades out along a marshy shore that from the 1980s until a few years ago was a dusty desert’s edge. This smaller, now separate part of what was once the world’s fourth-largest inland sea has increased its water volume by half in a decade.

Carolyn Drake
Working from dusk until dawn, fishermen from around the town of Aral in Kazakhstan haul in a catch from the North Aral Sea, where the water level has risen and salinity has decreased—in stark contrast to the larger South Aral Sea, which has gone nearly dry.

On shore, a night’s fishing might bring 100,000 tenge (US $533), an economic lifeline in a struggling region where fishermen have been heroes before: They appear in Aral’s museum in a mural commemorating the valiant dispatch of 14 boxcars of fish a day after a desperate telegram arrived from Vladimir I. Lenin in 1921 requesting famine aid for Moscow.

In the 1960s, the Soviet Union's hunger for cotton—sometimes called “white gold”—inspired the building of 30,000 kilometers of irrigation canals along both the Syr Darya and Amu Darya rivers that diverted replenishment of the Aral Sea, which began to evaporate. This cotton field in Kazakhstan is shared by three families.

Flowing into the North Aral Sea from headwaters in mountains more than 2,000 kilometers to the southeast, the Syr Darya River, is lined here on both banks by irrigated crops.

Arid steppe stretches for hours outside a dusty window along the rails from Kyzylorda to Aral.

Stranded as waters retreated and abandoned by their owners, fishing fleets such as this one at Zhalanash, now only hint at the former shoreline.

Once-abundant freshwater fish, commemorated by a statue in Aral, were reduced to a vestige of their former numbers by both the decrease of habitat and the rising salinity caused by the lack of replenishment from the Syr Darya and Amu Darya.

Along the shore of the North Aral Sea, a wedding gives an occasion for a dance in the village of Tastubek, where fish catches are rising with sea levels.

Kazakh translator Dinara Kassymova poses in Aral with two boys. In 2014, British rock band Pink Floyd hired local boys for “Louder than Words,” a music video that looked at Aral through the eyes of youth.

As the largest of the towns along the North Aral Sea, Aral was also a light manufacturing hub based on sheep-grazing: A historical marker notes that in 1976 the city exported 5,000 metric tons of wool, 340 furs, 3,000 sheepskins, 1,500 pairs of woolen gloves and 1,200 pairs of woolen trousers.

“We want to show our generation how life used to be here,” said Madi Zhasekenov, director of Aral’s museum.

Both North and South Aral Seas have shallow coastlines. At Aral, retreating waters stranded the formerly seaside town 100 kilometers inland; however, in the past decade, the waters have been returning. They now lie about 20 kilometers from Aral—and they are coming closer.

Kazakh and international water management initiatives have helped the North Aral Sea increase its volume by an estimated 50 percent over the past decade. This year fishermen are catching some 22 species here, and catch numbers are rising.

Oltinay watches television while her son reads the paper at home in Aral. She remembers her late husband’s job at Aral’s fish-processing plant, which has recently started up again.

“In 2000 there was huge unemployment, but things have gotten better,” said Adilbek Aymbetov, director of the plant. This allows young men such as these fishermen in Tastubek to stay for weeks at a time near the sea, fish at night and relax in between over shay (hot tea) and kleb (Russian for bread).

Spanning what may be the most strategic 13 kilometers of North Aral Sea coastline, the Kok-Aral Dam, finished in 2005, regulates the water released from the North Aral Sea and its tributary Syr Darya river—raising hopes as well as water levels.
O museu municipal no hoje seco e empoeirado porto de pesca de Aral exibe uma obra de arte que causa surpresa: um mural homenageia pescadores locais que, em 1921, ajudaram a salvar a Rússia da fome enviando a Moscou 14 vagões carregados de peixe. Perto da obra, encontra-se uma fotocópia da carta datilografada de Lênin em agradecimento àqueles pescadores, além de um busto de bronze de Tölegen Medetbayev, o herói de Aral desse grande esforço.
Essa obra causa surpresa porque aqueles 14 vagões repletos de carpas, esturjões, bremas e outros peixes de água doce vieram da mesma parte do Mar de Aral que, desde a década de 1980 até relativamente há pouco tempo, se tornou salgada demais para permitir a sobrevivência de qualquer uma dessas espécies.
Ela é surpreendente também porque, tendo ouvido por tantos anos sobre a morte do Mar de Aral, foi animador saber que sua parte setentrional – hoje um mar interior com apenas 10% do que já foi, apenas um pouco maior que o Sri Lanka ou o estado norte-americano da Virgínia Ocidental – está em processo de reversão do declínio de suas águas: lentamente, o Mar de Aral do Norte está retornando à vida.
O local mais próximo de Aral servido por companhias aéreas é Qyzylorda, uma capital provincial homônima com aproximadamente 190 mil habitantes e a cerca de 90 minutos de voo em direção sul de Astana, capital do Cazaquistão. Depois de tomarmos um voo que partiu no final da tarde, minha tradutora Dinara Kassymova e eu chegamos bem a tempo de embarcar no trem noturno para Aral. Dividimos nossa cabine com uma jovem chamada Aynura, que retornava à sua casa com seus dois filhos pequenos, Islam e Muhammad. As janelas estavam sujas demais para nos permitir ver muita coisa do lado de fora.


À medida que o trem da época soviética chacoalhava em direção norte ao longo da estepe, percebi que a maioria dos passageiros que não dormia se reunia do lado de fora de nossa cabine – uma das últimas do último vagão – para fumar cigarros sem filtro enquanto apreciava a noite por uma porta aberta. Em busca de ar fresco, caminhei para o lado oposto, passei por um cozinheiro que fritava cebolas despreocupadamente na pequena cozinha do vagão-restaurante e por um homem idoso sentado diante de sua esposa, que descascava batatas para seu jantar.
No vagão-restaurante, que tinha todas as mesas decoradas com rosas vermelhas de plástico, uma garçonete com dentes de ouro chamada Shireen serviu carne com legumes. Ela disse que, antes de começar a trabalhar na ferrovia, ensinava jornalismo no Uzbequistão, sua terra natal. De todos os passageiros, os únicos que não pareciam ser locais eram uma jovem repórter de televisão e seu câmera, que haviam sido enviados para cobrir o lançamento de um foguete às 3 da manhã no cosmódromo de Baikonur, localizado entre Qyzylorda e Aral.
Depois de oito horas, perto do amanhecer, chegamos a Aral, que um dia foi um próspero centro de pesca, mas é agora uma pequena cidade abatida. Um representante local nos encontrou na estação e, juntos, caminhamos alguns quarteirões até o modesto centro da cidade.
"Quando o mar começou a secar, claro que todos ficaram pessimistas, e as pessoas começaram a se mudar para outros distritos", explicou Tanirbergen Seytzhanovich Darmenov, o vice-akim (prefeito) da cidade. "Esse foi um grande problema para o Cazaquistão."
Kristopher White, professor adjunto de Economia da Universidade kimep em Almaty, a maior cidade do Cazaquistão – concordou. Ele é um especialista no Mar de Aral, chamado de Aral Teñizi em cazaque e Aralskoye Morye em russo.
"Isso é certamente um desastre ambiental. Estamos falando do [que um dia foi] quarto maior mar interior do mundo em volume de água", afirmou White. Desde 1960, ele explicou, quando a pesca comercial capturava mais de 43 mil toneladas, o Mar de Aral perdeu mais de 88% de sua superfície e 92% de seu volume. Em 1996, foram pescados somente 547 toneladas de peixe, e muitos deles contaminados com pesticidas. Nesse período, a salinidade saltou de 10 partes por mil (ppm) em 1960, essencialmente água doce, para 92 ppm em 2004, cerca de três vezes a salinidade da maioria dos oceanos.
Ele disse que isso arruinou o habitat dos peixes e, com a diminuição do mar, "houve também o que chamamos de dessecação, ou a invasão de desertos. Uma paisagem desértica inteira substituiu grande parte do que antes era mar". Além disso, essa transformação tem representado um desastre humanitário, acrescentou, pois o desaparecimento do mar trouxe desemprego, miséria e emigração.
Darmenov, 58, não hesitou em culpar diretamente a urss, cujos cientistas agrícolas e engenheiros civis transformaram a estepe semiárida em campos de algodão e trigo por meio de irrigação, o que exigiu a construção de cerca de 30 mil quilômetros de canais, 45 represas e mais de 80 reservatórios.
"Os engenheiros soviéticos não pensaram nas consequências desse empreendimento. Eles sabiam que o lago secaria algum dia, mas não se importaram com isso. Não havia democracia; todos tinham medo de falar", disse Darmenov. "Alguns cientistas advertiram que isso aconteceria, mas ninguém os escutou. Em 1985, as pessoas finalmente começaram a falar, mas já era tarde demais."
Até 2000, nove anos depois do colapso da União Soviética, o então imponente lago era separado em duas partes desiguais: o Mar de Aral do Norte no Cazaquistão e o Mar de Aral do Sul, muito maior, em grande parte no Uzbequistão. Hoje, tudo o que restou do Mar de Aral do Sul é uma porção estreita de água em forma de lua crescente ao longo da margem ocidental, e especialistas preveem que ele desaparecerá, já que não possui nenhuma ligação com o rio Amu Dária que antes o abastecia.
Em outubro de 2014, a Administração Nacional Aeronáutica e Espacial dos eua (nasa) divulgou imagens do Mar de Aral capturadas por seu satélite Terra. Estas foram umas das primeiras a mostrar toda a parte leste da bacia do Mar de Aral do Sul completamente seca, uma visão dramaticamente diferente de uma imagem similar tirada no ano 2000. "É a primeira vez que a bacia oriental secou completamente na época moderna", disse Philip Micklin, geógrafo e especialista em Mar de Aral da Universidade Western Michigan. "E é muito provável que seja a primeira vez que ela tenha secado completamente em 600 anos, desde a dessecação medieval associada ao desvio do Amu Dária para o Mar Cáspio."
Com uma população de pouco mais de 30 mil habitantes, Aral é a maior cidade da margem nordeste do Mar de Aral do Norte, e cerca de 73 mil pessoas seguem vivendo na região de seu entorno. Aqui, explicou Darmenov, o governo cazaque e o Banco Mundial devem trabalhar conjuntamente com o rio Sir Dária para salvar o mar. O rio é a única fonte de reabastecimento do mar, e sua sorte ainda é em muito determinada pelos padrões cíclicos de chuva, além do derretimento da neve da distante cordilheira de Tien Shan.
"Não se trata de dinheiro nem do que o homem é capaz de fazer. Tudo depende da natureza", disse Darmenov. Seu escritório é decorado com um retrato em moldura dourada do presidente de 75 anos de idade Nursultan Nazarbayev, que comanda o Cazaquistão desde 1989, dois anos antes de o país declarar sua independência da União Soviética. "Somos muito agradecidos por nosso presidente não ter se esquecido desse problema e por estar fazendo todo o possível para reviver o mar."
O declínio do mar é narrado com incrível detalhe no museu municipal de Aral, localizado na rua Tokey Esetov, muito perto da rua Abulkhair Khan, via principal da cidade. Fundado em 1988, o museu cobra uma entrada de 200 tenge (cerca de US$ 1,10) de cada um de seus 15 mil visitantes anuais.
Aqui, armazenados em três mostruários cobertos com vidro, se encontram dentes de animais, conchas, pedaços de vidro e fragmentos de cerâmica – todos objetos encontrados no leito do mar depois que ele começou a secar na década de 1970. Há também um mapa de 1849 de um Mar de Aral claramente muito maior, creditado a A. Butakoff, comandante da Marinha Imperial Russa, além de uma pintura feita em 2003 que, de uma forma um tanto nostálgica, mostra como era o porto de Aral nos anos 1960.
Por mais distante que possa ser o museu, seu livro de visitas está repleto de comentários de visitantes holandeses, franceses, espanhóis e norte-americanos. Mas, para o diretor do museu Madi Zhasekenov, o espaço não se destina apenas a turistas.
"Queremos mostrar à nossa geração como a vida costumava ser aqui", disse Zhasekenov enquanto trancava sua coleção de artefatos antes de sair para o almoço.
O homem de 53 anos de idade caminhou pela rua até um parque onde, quando jovem na década de 1970, se encontrava com seus amigos para conversar. Os bancos de concreto de onde eles observavam a margem do Mar de Aral ainda estão lá, mas já não há nenhum mar para ver. Em vez disso, as crianças se divertem em um carrossel enferrujado. O sentimento de nostalgia e perda era evidente.
"Meus filhos não querem viver em Aralsk," disse Zhasekenov em voz baixa, utilizando o nome da cidade em russo, "mas eu cresci às margens do mar. Eu não quero ir embora. Este é o meu lar, e eu acredito que o mar voltará."
Em seguida, ele me convidou para almoçar em sua casa de madeira, localizada do outro lado da rua do antigo Hotel Aral. Para a minha surpresa, o curador do museu abriu a porta de uma dispensa, sentou-se e começou a tocar um velho e decrépito piano. Nenhuma de suas 88 teclas estava afinada. Ele então retirou um enferrujado trompete alemão sem bocal e fingiu tocá-lo.
É fácil entender por que Zhasekenov sente saudade dos velhos tempos. De acordo com um marco histórico, em 1976, a cidade exportou 5.000 toneladas de lã, 340 peças de lã, 3.000 peles, 1.500 pares de luvas de lã e 1.200 calças de lã. Hoje em dia, os turistas que passam por aqui podem subir a bordo do Lev Berg, um barco de pesca azul brilhante, e observar o leito do lago desertificado. Dois guindastes enferrujados, sem uso desde o início da década de 1980, jazem do outro lado do horizonte plano.
Mas as águas, que no início dos anos 2000 haviam recuado e se afastado 100 quilômetros de Aral, agora se encontram a apenas 20 quilômetros de distância da cidade, e estão se aproximando cada vez mais.
"Nós herdamos o problema do Mar de Aral da União Soviética, mas assim que nos tornamos independentes, colocamos em prática programas especiais", comentou Zhanbolat Ussenov, diretor do Conselho da Eurásia sobre Assuntos Estrangeiros e ex-porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Cazaquistão.
"Claro que sabemos que não poderíamos salvar o mar sozinhos, tanto do ponto de vista financeiro como técnico. Por isso, criamos um fundo internacional para salvar o Aral", explicou Ussenov. "Convidamos o Banco Mundial e alguns países para nos ajudar a combater esta catástrofe ambiental. E com grande alegria, hoje posso dizer que o Mar de Aral está lentamente retornando a seus limites originais."
O sonho de salvar integralmente o Mar de Aral – Norte e Sul – é irrealista, dizem especialistas que conhecem bem a região. Mas todos parecem concordar que a primeira etapa do projeto a que se referiu Ussenov – oficialmente conhecido como Projeto de Controle do Sir Dária e do Mar de Aral do Norte, ou synas-1, tem sido até agora um sucesso.
Ahmed Shawky M. Abdel-Ghany, especialista sênior em recursos hídricos da Europa e Ásia Central do programa Prática Global da Água do Banco Mundial, tem gerenciado o projeto a partir de seu escritório em Washington desde o final de 2010. Ele disse que o synas-1 possui o valor total de US$ 83 milhões e incluiu um subprojeto para a restauração do Mar de Aral do Norte.
"Não estamos falando de todo o Mar de Aral, mas apenas de sua parte setentrional, que reside completamente no Cazaquistão", afirmou o engenheiro civil egípcio, que já trabalhou em 20 países ao longo de sua carreira de 12 anos no Banco Mundial.
"Ele disse que um elemento fundamental do synas-1, a construção em 2005 do dique Kokaral de 13 quilômetros de extensão, elevou em cerca de 50% o volume da água do Mar de Aral do Norte em três anos.
"A parte setentrional do Mar de Aral estava inicialmente [em 2005] 38 metros acima do nível do mar. Agora, ela chega a atingir 42 metros", afirmou. "Consequentemente, a salinidade do Mar de Aral do Norte se reduziu pela metade. Mas todos esses números estão sujeitos a variáveis hidrológicas que oscilam a cada ano."
Ele disse que a prova do sucesso até este momento não reside apenas na diminuição da distância entre a cidade de Aral e a margem do mar, mas também na pesca realizada na área, que duplicou ou triplicou seus resultados nos últimos anos. "O governo e os doadores esperam que, com as próximas etapas do synas-1, a parte setentrional do Mar de Aral se aproxime ainda mais", afirmou.
Mas até mesmo 20 quilômetros parecem uma eternidade quando a única forma de percorrer essa distância é utilizando um veículo de tração nas quatro rodas sobre uma estrada de terra que desaparece no meio do nada logo após os limites da cidade.
Somente essa viagem exigiu cerca de duas horas, levando-nos a passar pelo seco vilarejo de Mergensai e por dispersas e pesadas traineiras de pesca em ruínas, abandonadas sob o sol escaldante e cobertas de pichações.
Antigamente, esse cemitério de barcos era a principal atração do então chamado "turismo escuro": fotos de camelos vagando pelo deserto com essas embarcações ao fundo estão à mostra no museu de Aral, e elas foram exibidas em revistas de viagem para divulgar a difícil situação do Mar de Aral. Os camelos ainda estão lá, ainda que, nos anos recentes, a maioria dos barcos tenha sido desmantelada em sucata e vendida à China.
Os visitantes que conseguem chegar às margens do mar provavelmente não encontram uma movimentada atividade pesqueira, mas certamente há mais atividade hoje do que até recentemente.
Uma alma resistente é Marat Karebayev, que sai em seu barquinho azul de madeira todos os dias por volta das sete da manhã e não costuma voltar antes das cinco da tarde. Ele vem pescando há cinco anos e disse ganhar de 10 a 20 mil tenge (cerca de US$ 55 a US$ 110) por dia. Desse valor, ele precisa descontar o preço do combustível (aproximadamente 800 tenge por 10 litros), além da rede de pesca (60 mil tenge), que deve ser substituída a cada ano.
"O mar está agora muito mais perto do que estava há 10 ou 15 anos", disse Karebayev, 31, vestido de macacão azul-marinho, casaco preto e boina quadriculada. "Hoje eu pesco mais, e os preços estão mais altos."
Atualmente, 22 variedades de peixe são exploradas comercialmente no Mar de Aral do Norte, e a produção da pesca está se aproximando a 6 mil toneladas por ano, disse o vice-prefeito Darmenov. Ele acrescentou que esse número poderia subir para 30 mil toneladas anuais se os projetos atualmente financiados pelo Banco Mundial forem bem-sucedidos.
Seu otimismo é compartilhado por Adilbek Aymbetov, diretor da unidade de processamento de peixe de Aral, localizada nos limites da cidade. A fábrica tem operado há aproximadamente cinco anos. Cerca de 25 pessoas trabalham lá embalando carpas, lúcios e outros peixes para consumo local e exportação a 28 países da União Europeia.
"No ano 2000, havia muito desemprego, mas as coisas estão melhorando", comentou Aymbetov. Em 2013, ele disse que foram processadas 300 toneladas de peixe e exportadas aproximadamente 100 toneladas, em comparação com as 215 toneladas produzidas e 97 toneladas exportadas do ano anterior.
Em 2011, Abdel-Ghany do Banco Mundial visitou o Cazaquistão para concluir o relatório de avaliação do synas-1 e planejar a segunda etapa do projeto, o synas-2. Esse esforço de sete anos e US$ 126
milhões possui US$ 107 milhões financiados pelo próprio Banco Mundial, cabendo o restante ao Cazaquistão.
"O governo está realmente empenhado em começar assim que possível", disse Abdel-Ghany, observando que o synas-2 inclui a reabilitação dos deltas do lago, o desenvolvimento de incubadoras de peixes, a modernização das represas e o ajuste dos meandros do rio para aumentar o fluxo de água.
Abdel-Ghany previu também uma terceira etapa. "É quando realmente será possível ver desenvolvida toda essa parte inferior da área da bacia do Sir Dária", afirmou. "Depois, e somente depois, poderíamos dizer que este terá sido um dos maiores projetos ambientais do mundo."
Sagit Ibatullin, ex-presidente do Conselho Executivo do Fundo Internacional para Salvar o Mar de Aral (International Fund for Saving the Aral Sea, ifas), disse recentemente à imprensa cazaque que o plano da organização composta por cinco países para trazer de volta todo o Mar de Aral – Sul e Norte – se fosse integralmente implementado, custaria até US$ 12 bilhões. O funcionário cazaque, nomeado pelo presidente Nazarbayev, comandou o ifas de outubro de 2008 a agosto de 2013.
White, da Universidade Kimep, apontou que, ainda que a maior parte do plano do ifas tenha se concentrado mais no Mar de Aral do Sul, o esforço do Cazaquistão de reviver a porção setentrional do mar "tem sido aclamado como um sucesso do ponto de vista ambiental, e acho que é justamente por isso. A parte norte do Mar de Aral retornou um pouco – bem distante do que era antes de 1960 – mas sem dúvidas ela foi estabilizada e agora está retornando".
Os pescadores, engenheiros e banqueiros tiveram um incentivo inesperado no ano passado: a banda britânica Pink Floyd, que desde sua origem em 1965 tem denunciado a alienação, o comercialismo e a degradação ambiental. O videoclipe de 2014 de sua música "Louder than Words" filmou habitantes de Aral e vilarejos próximos tendo como pano de fundo desertos e barcos abandonados. Na última contagem, o vídeo havia sido visto 7 milhões de vezes.
Aubrey Powell, diretor de criação do Pink Floyd, disse recentemente à Radio Free Europe/Radio Liberty que, apesar de a imagem surreal de barcos encalhados no deserto ter sugerido um vídeo sobre desastre ambiental, "não se trata tanto do desastre – e foi escrito sobre isso muitas e muitas vezes – mas sobre o que isso significa para geração mais jovem".
Ninguém sabe quantos fãs o Pink Floyd tem em Aral. Mas White, da Universidade kimep disse que, durante a mais recente visita que fez à região, ele e sua equipe ambiental viram novas casas sendo construídas; e dentro das casas, ele viu novos televisores e geladeiras.
"Passamos por toda a parte norte do Mar de Aral e conversamos com as pessoas em vilarejos muito remotos, alguns deles só recentemente abastecidos com energia elétrica", comentou o professor. "Há uma perspectiva geral positiva para o futuro, o que acho que não vinha acontecendo no Mar de Aral há muito tempo."
Nativo de Aral, Yerken Nazarov, 31, parece concordar com essa nova visão positiva. Sua avó era uma vendedora de peixe que viveu tempo suficiente para comemorar seu centésimo aniversário.
"O que precisa acontecer para trazer de volta o mar?", perguntei a Nazarov em minha última tarde na cidade. Ele refletiu por um segundo e me respondeu: "Precisamos de esperança".
About the Author
Carolyn Drake
Based out of Istanbul, photographer Carolyn Drake worked extensively in Central Asia between 2007 and 2013. She now resides in the United States, where she has begun a new photo project.Larry Luxner
Larry Luxner is news editor of The Washington Diplomat and a freelance journalist and photographer.
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